quinta-feira, 10 de junho de 2010

Lula desafia imprensa e adversários a comparar governos

Eleições 2010


Por Tânia Monteiro, da Agência Estado

Em discurso de quase 50 minutos, de improviso, em Aracaju (SE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou adversários e a imprensa a comparar os feitos do seu governo com os anteriores. "Podem escolher o que vocês quiserem: investimento em educação, quilômetro asfaltado, megawatt instalado, podem comparar os oito anos do nosso governo com 20 anos dos outros governos", provocou o presidente, que mais a frente reconheceu que os anteriores não puderam fazer mais, porque o País já estava endividado.

Lula disse que em todos os Estados e municípios, sejam da oposição ou não, o governo fez investimentos e atendeu a todos da mesma forma. "Vá a São Paulo e pergunte ao Kassab (prefeito Gilberto Kassab), que é do DEM, ou ao Serra (José Serra, ex-governador, do PSDB), que é o nosso adversário (na disputa presidencial)", provocou Lula, questionando se algum dia algum prefeito foi tratado antes com mesma dignidade com que é tratado hoje pelo governo federal.

"A gente pode fazer política sem perder o caráter ou vergonha. A política não é um clube de amigos. É uma política civilizada, não é pessoal, não é entre entes federados. Não quero saber se o Deda (governador de Sergipe) gosta de mim, mas se o povo precisa de mim.

Ele voltou a reclamar da imprensa que não divulga dados positivos do País e atribuiu o aumento de sua popularidade às realizações do seu governo e ao crescimento do Brasil. "Este País é que está dando popularidade ao governo. Não é o País dos formadores de opinião pública. Esse País não aparece na imprensa, na TV", afirmou. Segundo ele, o presidente dos Estrados Unidos, Barack Obama cometeu um erro ao achar que ele, Lula, é o cara. "O cara são 190 milhões de brasileiros".
Descanso

Lula disse que ser presidente "é coisa de passagem". "Não é uma profissão, é quase um sacerdócio". E admitiu que embora ainda faltem seis meses de mandato, já está com saudades. "Eu quero acabar meu governo, quero descansar, quero ir à praia, tomar uma cervejinha sem ninguém me enchendo o saco, dizendo: o presidente está bebendo", afirmou. Disse também que vai continuar fazendo política, "porque está no sangue".

Ao falar sobre o conjunto habitacional que estava sendo inaugurando, Lula chegou a falar um palavrão, ao comentar que reclamou à presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, sobre o tamanho das unidades habitacionais. "Eu estava ''P'' da vida quando fui visitar uma casa de 38, 39 metros quadrados e chegou a dona da casa e falou para mim. ''Não fica nervoso, eu estou no céu, presidente, isso aqui é um palácio. E eu quero pedir desculpa ao senhor porque nunca votei no senhor, porque achava que o Lula era o demo, tinha barba e era analfabeto''", relatou.

Durante a cerimônia, um pequeno grupo de manifestantes reclamava o direito de moradia em outro bairro da cidade. Com o barulho, Lula quis saber do que se tratava, conversou com eles e se comprometeu a encontrar uma solução em 30 dias.

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